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Dom Roque: 25 anos de episcopado

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Neste dia 21 de abril, Dom Roque, bispo de Uberaba, completou 25 anos de episcopado. Na ocasiao Dom Murilo, Arcebispo de Florianópolis fez  uma belíssima homilia que resolvi divulgar aqui, pois não está publicada em outro lugar. Nesta reflexão Dom Murilo mostra o significado do serviço episcopal na Igreja.  

Dom Murilo S.R. Krieger, scj – Arcebispo de FlorianópolisUberaba, 21.04.08 – Jubileu áureo de Ordenação Episcopal deDom Aloísio Roque Oppermann, scj - Arcebispo de UberabaLiturgia da Palavra: 1Tm 4,12b-16; Sl 22/23; Jo 10,11-16.  1.     Na tarde do dia 21 de abril de 1983, Pe. Aloísio Roque Opermann, religioso da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, caminhou em direção do altar montado em frente à Catedral São José, de Ituiutaba. Seria o primeiro Bispo daquela Diocese, criada seis meses antes. O então Núncio Apostólico no Brasil, Dom Carlo Furno, hoje Cardeal, era o ordenante principal. A seu lado estavam Dom Benedito de Ulhôa Vieira, então Arcebispo de Uberaba, e Dom Estêvão Cardoso de Avellar, OP, então Bispo de Uberlândia e outros Bispos. A multidão que tomava conta da praça tinha consciência de participar de um fato histórico, e não só para a Igreja, mas também para toda a região. 2.     O que o futuro Bispo levava consigo? Levava a fé, recebida no coração de uma família gaúcha, de descendência alemã. Levava a disponibilidade e o desejo de servir a Igreja, fundamentos da espiritualidade do Coração de Jesus, que desenvolvera como religioso e sacerdote na Congregação do Padre Dehon. Levava, também, uma certeza, que via traduzida na frase que escolhera como lema de seu episcopado: Cristo é o Senhor! 3.     As palavras do apóstolo Paulo a Timóteo, há pouco proclamadas, ressoavam, naquele dia, em seu coração: Serve de exemplo para os fiéis, na palavra, na conduta, na caridade, na fé, na pureza... Dedica-te à leitura, à exortação, ao ensino... Cuida de ti mesmo e daquilo que ensinas... Mostra-te perseverante... 4.     Mostra-te perseverante! Sua disponibilidade, Dom Roque, e o desejo de servir àqueles que Jesus Cristo conquistou com seu sangue, o levaram a dizer ao Senhor muitos “sim” – por exemplo, quando a Igreja o chamou, mais tarde, para assumir a Diocese de Campanha, tendo ali permanecido de 1988 a 1996; ou quando, há doze anos, o nomeou para esta Arquidiocese de Uberaba. 5.     Mas voltemos, irmãos e irmãs, à tarde da ordenação episcopal de Dom Aloísio Roque – Dom Roque, como o chamamos. Naquela oportunidade, nosso bispo jubilar recebeu a plenitude do Sacramento da Ordem e foi constituído membro do Corpo episcopal. Recebeu, pois, um dom e assumiu uma responsabilidade eclesial. Como sucessor dos Apóstolos, foi constituído Pastor da Igreja, chamado a exercer a tríplice função: profética, sacerdotal e real. Como profeta, deveria anunciar as inesgotáveis riquezas da Palavra de Deus, sintetizadas naquele que é a Palavra do Pai – Jesus Cristo; como sacerdote, era chamado a apresentar seus diocesanos a Deus, quais hóstias vivas unidas ao Cordeiro pascal; e, como pastor, passava a ser uma extensão daquele que se apresentou como “o bom Pastor”. Sabia que, à semelhança do Bom Pastor, que o chamara a esse ministério, não poderia fazer menos do que dar a vida pelas ovelhas. Dar a vida deveria se traduzir em conhecer as ovelhas do SENHOR e ser por elas conhecido; preocupar-se com aquelas que não conhecem o Bom Pastor e, por isso, não o amam; e trabalhar incansavelmente para que haja um só rebanho e um só pastor. Como não ver nessas propostas de Jesus Cristo um convite a encarar o ministério episcopal como um serviço, e não uma honra? O maior entre vós seja como o mais novo, e o que manda, como quem está servindo, disse Jesus aos surpresos apóstolos, numa das vezes em que discutiram para saber qual deles deveria ser considerado o maior e o mais importante no Reino de Deus (cf. Lc 22,24-26). 6.     Hoje, Dom Roque, neste dia jubilar, o mesmo Senhor Jesus lhe pede que renove sua vontade de servi-lo e de servir a sua Igreja. Para obter a indispensável graça divina, sem a qual qualquer trabalho pastoral seria inútil, o caro irmão é solicitado a rezar incessantemente. Tenho certeza, por sinal, de que Dom Roque já fez essa descoberta: a fecundidade do trabalho de um bispo depende muito da intensidade de sua vida de união com o SENHOR. 7.     Aqui, para que se entenda melhor a missão episcopal, poderiam ser lembrados os exemplos deixados por alguns bispos da rica história de nossa Igreja; ou, então, recordadas as vidas de Bispos que o caro Jubilar conheceu ao longo de sua caminhada. Quantos deles lhe terão ensinado que o sinal distintivo de nosso ministério é o amor de pai e de irmão para com todos os que encontrarmos; um amor que seja fonte e fermento de comunhão na Igreja; um amor que se expresse no acolhimento dos pobres e necessitados. Santo Agostinho completaria: os pastores devem permanecer unidos ao divino Mestre e não devem temer os sofrimentos e as incompreensões que possam sofrer, pois “sofrer por Cristo é uma glória e uma honra” (Jo. Ev. 123,5). 8.     Não pretendo fazer, aqui, um elenco de sua vida e atuação nas duas dioceses que pastoreou ou na que atualmente pastoreia. Se o fizesse, correria o risco de citar muitos nomes e números, inúmeras iniciativas e decisões, uma série de fatos e acontecimentos e, mesmo assim, ser incompleto. Afinal, como fazer um balanço da ação da graça de Deus nos corações? Como avaliar o crescimento da Igreja – esse Povo que tem Jesus Cristo como mestre e guia, e é conduzido pelo Espírito Santo? Como calcular o grau de santidade de corações apaixonados por seu Senhor e Deus? A Igreja não se mede por números, gráficos ou índices de popularidade, mas pela intensidade do nosso amor a Deus e ao próximo.  9.     Mais: qualquer balanço nesse campo, além de incompleto, seria perigoso. Afinal, Cristo, que é o Senhor, caminha à nossa frente e, portanto, à sua frente, Dom Roque. Ele não pára, não se detém, não faz cálculos matemáticos. Seguindo sempre adiante, ele deixa claro que a vida continua, que não há tempo para comemorações intermináveis quando se tem, como temos, grandes desafios diante de nós. A Igreja caminha em direção da Jerusalém celeste; vive à procura de novos céus e nova terra. O tempo presente, pois, não é o de avaliações ou de colheita, mas é tempo de semear. Penso que é nessa direção que nos aponta o Documento de Aparecida, aprovado pelos Bispos que participaram da Conferência Latino-americana e do Caribe, em maio de 2007, e que recebeu o precioso aval do Santo Padre, o Papa Bento XVI. 10. A Conferência de Aparecida nos lembra que é missão da Igreja formar seus filhos como discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida. Jesus Cristo é “a plenitude da revelação de Deus, um tesouro incalculável, a pérola preciosa (cf. Mt 13,45-46), o Verbo de Deus feito carne, o Caminho, a Verdade e a Vida dos homens e das mulheres, aos quais abre um destino de plena justiça e felicidade. Ele é o único Libertador e Salvador que, com sua morte e ressurreição, rompeu as cadeias opressivas do pecado e da morte, revelando o amor misericordioso do Pai e a vocação, dignidade e destino da pessoa humana” (DA 6). Cristão, pois, é aquele que, tendo um encontro com a pessoa de Jesus Cristo, vê abrir-se um novo horizonte em sua vida. 11. Tenho acompanhando seus passos, Dom Roque, na doação renovada que tem feito de sua vida à Igreja. Fomos contemporâneos, por alguns anos, no Seminário Menor de Corupá, em Santa Catarina; fomos (e somos) religiosos na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus; trabalhamos como sacerdotes na mesma Província; e temos uma longa convivência no episcopado – uma convivência de mais de duas décadas. Tenho condições, portanto, de testemunhar à comunidade aqui reunida que se aplicam à sua pessoa uma importante observação da Conferência de Aparecida:  “conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (cf. DA 18). 12. Conhecer a Jesus Cristo pela fé é sua alegria. Jesus Cristo é “o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem” (Bento XVI, Oração pela V Conferência). Como graça jubilar, que ele renove em seu coração, Dom Roque, a alegria que você manifesta sempre em seu rosto. 13. Seguir a Jesus Cristo é uma graça. Jesus Cristo o chamou para que, como cristão e religioso, como sacerdote e bispo, conheça melhor as dimensões de seu amor e faça uma profunda experiência da intimidade de seu Coração. Que neste Jubileu possa estar enraizado e bem firmado no amor de Cristo (cf. Ef 3,17).   14. Transmitir este tesouro – o tesouro constituído pelo conhecimento de Cristo – aos demais é uma tarefa que o Senhor lhe confia. Seu Jubileu Episcopal abre-lhe, pois, novos horizontes: com Cristo, por Cristo e em Cristo é chamado a tornar visível “o amor misericordioso do Pai, especialmente para com os pobres e pecadores” (DA 147). Para isso, conte com as orações de todos nós; conte com a amizade de seus irmãos bispos; conte com o carinho das ovelhinhas que o Senhor colocou sob seus cuidados; conte, sobretudo, com a intercessão de Maria, a Mãe de Jesus e, por isso, Mãe dos Apóstolos. No Cenáculo, que continua no mundo pelos séculos a fora, Maria continua desempenhando seu papel materno: ela faz seus os pedidos de cada Bispo; faz seus, particularmente, os pedidos dos Bispos jubilares.

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